terça-feira, 23 de outubro de 2012

Celebrar a Lusofonia

No fim de semana passado estive no Festival da Lusofonia, uma versão macaense das típicas festinhas de aldeia. Dura 3 dias e realiza-se todos os anos por esta altura. Tirando o fiel escudeiro, que tinha afazeres no reino de Warcraft, não há português nesta terra que falte a uma destas noites tipicamente portuguesas.

Tinha barraquinhas com petiscos (bifanas e sandes de presunto incluídas), Super Bock e sangria com fartura e tremoços para acompanhar. Mas ainda não foi desta que matei saudades de pasteis de bacalhau.

Como pretende reunir todos os PALOP's havia barraquinhas específicas para cada país e por isso também havia brigadeiros de Cabo Verde (bons!! mesmo bons!!!), caipirinha do Brasil (má!! mto má!!), chamuças de Goa.. uns licores suspeitos de São Tomé e outras especialidades cheias de "africanidade".

Senti-me em casa quando comecei a ouvir o ronco da gaita de foles, mas senti-me ao mesmo tempo longe de casa porque as modinhas me fizeram ter muitas saudades de Bragança. E devo dizer que os gaiteiros de Varge deixam estes a um canto!







Aquilo que não muda são os hábitos.. claro que a maioria da noite foi passada a ver passas as modas, a comentar as roupas de quem passava e as novas namoradas de uns quantos "famosos" cá do sítio.

Houve concertos, danças típicas da China, rancho folclórico (com chineses a usar trajes típicos de Portugal), exibições das escolas locais. Os cabeça de cartaz eram os Orelha Negra, que afugentaram uns quantos chineses.. e que, coitados, bem diziam "jump, jump", mas que falharam na intenção de por Macau a dançar.

Os organizadores deste festival esforçam-se todos os anos por mostrar evolução e mostrar que são jovens e modernos, mas na verdade, o Quim Barreiros é que teria feito as delícias desta gente.

Para o ano há mais! :)


segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Momentinho "quero esconder-me" do dia

Hoje de manhã, enquanto esperava pelo elevador no R/C do edifício do escritório onde trabalho (e onde a espera costuma ser longa devido ao número de andares), apercebo-me de um movimento estranho ao nível do chão a uns 3 ou 4 metros de mim. A primeira reacção foi... "Que nojo, é um rato!!"

Mas rapidamente percebi que era uma espécie de pardal, um pássaro pequeno e acastanhado. E a reacção passou a ser.. "Que nojo um bocadinho mais pequeno, é um pássaro!!"

Mas como o bicho estava longe, mantive a postura, como uma princesa... até que o raio do pássaro decide ganhar asas e voar... na minha direcção!!

Dei um gritinho que se deve ter ouvido no 14º andar onde trabalho.

Lancei-me para o elevador enquando ouvia os dois chineses da recepção e umas quantas pessoas que estavam na recepção a rir.

No final do dia, quando voltar a passar por eles estava a pensar tropeçar nos saltos altos e cair, só para os manter entretidos com as minhas performances!

domingo, 14 de outubro de 2012

Ainda sobre os autocarros de Macau

Sim, parece que estou a ficar obcecada com este tema, mas agora que ando diariamente nestas andanças, as histórias começam a ser recorrentes. Vejam só o que aconteceu há uns tempos..


in Macau Bus Forum

O senhor motorista estava com fome. Parou o autocarro, dirigiu-se ao Mcdonalds para adquirir qualquer coisinha para matar a fome, e depois voltou ao autocarro para continuar o seu percurso. Não é lindo?! É Macau no seu melhor!

E sim, o autocarro tinha passageiros à espera! eheheh

Andar de autocarro em Macau..

...é uma aventura!

Quando vi este cartoon identifiquei-me logo com ele. Como os motoristas só têm duas velocidades, muito rápido e parados, a grande maioria das vezes andamos de autocarro como se estivessemos num carrocel da Feira Popular.

Aqui o truque é ficar sentado até o autocarro ficar completamente parado. Se cairmos no erro de nos levantar para sair quando o autocarro ainda está em movimento, corremos o risco de ir em voo até à frente do autocarro, deixando um rasto de chineses furiosos.

Outra característica peculiar é que os chineses não se sentam quando os assentos ainda estão quentes. Quando alguém se levanta, vão logo a correr para o lugar que ficou livre, mas ficam lá de pé à espera que arrefeça. Até já vi pessoas com um abanico a tentar que aquilo arrefeça mais rápido.

E a sofreguidão com que eles correm para o autocarro?! Assim que avistam o autocarro começam a ficar impacientes e se, por algum motivo, o autocarro pára um bocadinho antes da paragem, é vê-los a correr até à porta. O que é uma chatice para aqueles que, como eu, esperam pacientemente na paragem e que, à conta destes chineses sôfregos, também têm de andar (leia-se correr) até ao sítio onde parou o autocarro.

Filas também é para esquecer, porque esse conceito para eles não existe. Assim como não existe deixar passar velhotes ou grávidas. Essa coisa da boa educação é muito sobrevalorizada. Mas essa parte eu aprendi rápido, e nunca mais fui educada e deixei passar à frente quem estava na paragem antes de mim.

Que saudades do comboio da linha de Cascais com vista para o mar :)

A parte engraçada (e única), é o facto de nos sentirmos muito grandes.. Sempre a ver a parte de cima da cabeça dos chineses e a bater com a cabeça nos suportes para as mãos que estão pendurados.

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Dia Nacional da República Popular da China

No dia 1 de Outubro é feriado em Macau porque se comemora o Dia Nacional da República Popular da China. No dia 2 de Outubro também é feriado porque provavelmente se recupera das comemoração do Dia Nacional da República Popular a China (o nome técnico do feriado é "Dia Seguinte à Implantação da República Popular da China"). E no dia 3 de Outubro os funcionários públicos têm tolerância da ponte, provavelmente para se mentalizarem que precisam de voltar ao trabalho.

É assim que se mantém o povo satisfeito, com 3 feriados seguidos, com cheques de apoio pecuniário no final do ano e com fogo de artifício.



Nesta noite não fomos ver o espectáculo, mas conseguíamos ouvir da nossa casa. Devem ter sido uns belos 20 minutos porque a China venceu o Festival Internacional de Fogo de artifício de Macau. Para o ano há mais!

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Valham-nos os bolos

Nas últimas semanas a expectativa em relação à noite de 30 de Setembro (noite em que se celebra o festival das lanternas e dos bolos lunares, os famosos mooncakes), foi sempre aumentando. A cidade estava toda enfeitada, as lojas tradicionais estavam repletas de lanternas de papel para vender (e outras bonecadas semelhantes).

Loja tradicional
Mais lojas tradicionais
Enfeites na Praça do Tap Seac, Macau
Praça do Tap Seac, Macau
Enfeites no Largo do Pagode, Macau
Enfeites Praça Ponte Horta e Costa, Macau


Havia bolos tradicionais em todas as montras e durante o dia percebemos que muitas lojas de rua estavam fechadas.

E se fizermos uma pesquisa na internet, vamos encontrar fotografias impressionantes de lagos cheios de lanternas de papel, e céus iluminados com as lanternas que se elevam no ar devido ao ar quente das velas.

Tudo previa uma grande noite de festa, um espectáculo de luz e cor. E eu, que sou muito dada à festarola, estava ansiosa. Até fomos comprar os bolos a uma das pastelarias tradicionais que temos perto de casa!

Mas pelos vistos Macau é uma versão híbrida em relação a tradições chinesas, porque as expectativas ficaram amplamente defraudadas.

Se por um lado havia muita gente na rua à volta dos lagos, ao olharmos com alguma atenção, percebíamos que a maioria eram grupos de filipinos que aproveitam as noites de folga. Depois, e devido aos néons dos casinos e das iluminações das ruas, as poucas lanternas que havia perdiam o vigor. As crianças estavam na rua a brincar, mas com estrunfes e sponge bobs de plástico insuflados, em alternativa aos tradicionais coelhos de papel.

Em contrapartida, quasa toda a gente andava com sacos de plástico para transportar as caixas dos bolos. Não sei se é herança dos portugueses ou não, mas as celebrações envolvem sempre comida.

A princesa e o seu fiel escudeiro voltaram para casa desiludidos com a festa. E em vez de comer os bolos enquanto contemplavam a lua, conforme manda a tradição chinesa, optaram por uma lua artificial no ecrã do portátil.