segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Diário de Bordo - Myanmar (parte 1)

Durante as férias de Natal e Ano Novo, para a Princesa e o Fiel Escudeiro não ficarem cheios de saudades de casa, a decisão foi fazer uma road trip de 14 dias pelo Myanmar. Queríamos que as distracções fossem suficientes para nos fazer esquecer as saudades.

Gostámos muito do país, bastante pobre e não muito desenvolvido, cheio de discrepâncias sociais, mas as pessoas com uma simpatia imbatível. Homens e mulheres usam saias compridas conforme manda a tradição. A grande maioria da população masca Betel, umas bagas vermelhas enroladas em folhas que deixam dentes, linguas e lábios vermelhos. Parados no trânsito é muito comum ver os condutores abrir a porta do carro para grandes cuspidelas de líquido vermelho produzido por estas bagas. Mulheres e crianças passeiam-se exibindo orgulhosamente Thanaca nas bochechas, uma espécie de creme branco feito à base de madeira de árvores da região. Devido à herança inglesa os carros têm o volante à direita, mas o que é curioso é que eles também conduzem pela direita! O que quer dizer que nos autocarros, por exemplo, as portas dos passageiros estão viradas para a estrada. E em termos de transportes públicos, o que mais vimos foi pessoas empoleiradas em todas as superfícies dos veículos, quase como numa exibição de circo. Motas com famílias inteiras (bebés incluídos), pequenos carros com dezenas de pessoas no tejadilho... o céu é o limite para a população do Myanmar. Passámos por muitas cidades, vilas e aldeias e estas são as nossas aventuras...

1º dia
Dia 21 Dez - Chegada a Yangon

Os problemas com a AirAsia não são só com os aviões, mas também com o site de reservas. Como não conseguimos voo com os nossos amigos, e tivemos de comprar bilhetes noutro horário, chegamos a Yangon já depois de jantar.

Ponto alto desta alteração: conhecemos o Thiago e a Flávia no voo de ligação a Yangon, um casal de brasileiros a viajar pelo sudeste asiático, com quem marcamos jantar no dia seguinte.

Depois do check in, a primeira paragem foi numa "Casa de Chá" perto do hotel (porque o restaurante "decente" já estava fechado), com mesas e bancos muitos baixinhos. Eramos os únicos ocidentais, e claramente o centro das atenções. Serviram-nos um caril de galinha e uma espécie de panqueca indiana chamada Roti. Ainda não estávamos verdadeiramente preparados para a experiência com medo da limpeza ou qualidade da comida. Foi um erro, porque posteriormente percebemos que devíamos ter aproveitado sem qualquer receio.

Mas olhar para aquela travessa de metal que nos atiraram para a frente com conteúdo indecifrável, olhar para a colher do chá com substâncias pretas impregnadas, ver uma maquineta de sumos de conteúdo duvidável.. tudo fazia antever o pior.



2º dia
Dia 22 Dez - Yangon

Visita à Shwedagon Pagoda, uma das mais famosas do mundo, e segundo nos disse o guia, a maior do mundo. É um dos locais de culto mais importantes para os budistas. Apesar de estar parcialmente em remodelações, conseguimos perceber a imponência do local, com 100 metros de altura, com uma parte de ouro maciço, rubis ao longo da pagoda e um grande diamante no topo.

Lições da manhã: os budistas têm 8 dias da semana porque a quarta-feira conta como dois dias. Cada dia tem um animal de culto, relacionado com a nossa data e hora de nascimento.







Ficamos durante a manhã neste local, e no caminho para o almoço passamos pela casa onde Aung San Suu Kyi ficou prisioneira mais de 15 anos.



O almoço foi num restaurante para locais. Duas coisas a salientar deste almoço. O nosso guia não parava de dizer "unbelievable" enquanto via o Fiel Escudeiro aviar tacinhas de caril e arroz. Ficou aqui definido o mote desta viagem: quanto é que o Fiel Escudeiro vai conseguir comer em cada refeição!



O segundo ponto alto da refeição foi inacreditável. Eu já tinha lido sobre o assunto, mas nunca achei que fosse ver in loco este comportamento. Quando a nossa amiga alcançou o copo de cerveja que estava numa mesa de apoio, estava uma barata gigante lá dentro. O que faz a rapariga do restaurante quando a chamamos? Pega delicadamente na barata, coloca-a sobre o seu braço e espera que o bichinho siga o seu caminho, para debaixo do móvel ao nosso lado. E devolve o copo de cerveja.

Os budistas não matam nenhum animal, nem as baratas que bebem dos copos dos clientes.

Depois de uma tarde passada a ver templos e budas sentados, budas deitados ou budas m pé, e de uma massagem birmanesa, fomos jantar com os nossos novos amigos que conhecemos no voo.

O jantar foi regado a vinho e cerveja da Birmânia. Fomos os últimos sair do restaurante, já com os empregados à beira de um ataque de nervos, encaixamos 6 pessoas dentro de um táxi e seguimos para o rooftop da cidade... num quinto andar. Ainda assim com uma vista maravilhosa para a Shwedagon Pagoda.

Depois desta noite vou passar a trazer Guronsan para as nossas viagens :)
E percebemos que já não temos idade para pedir cocktails ao  jarro. Muito menos bebidas cor de rosinha. Vão invariávelemente saber-nos a Tang.



3º dia
Dia 23 Dez - Bago

O dia foi de viagem até Bago. Adoramos saber que o símbolo da cidade é uma Hamsa fêmea (pássaro mitológico) empoleirada nas costas de um Hamsa macho. Querendo dizer que o simbolo da cidade está relacionado com o cavalheirismo dos homens desta cidade. Porque o homem é tão bonzinho que até deixa a sua esposa descansar nas suas costas. Actualmente fazem-se piadas com o facto de ninguém querer casar com mulheres de Bago porque são muito exigentes.

Mais um almoço e a descoberta do prato de Arroz de Coco que vamos tentar reproduzir em casa. E mais Budas gigantes.. Budas sentados, Budas deitados e Budas em pé.







Nesta noite já ficamos em Kyaiktiyo, a base para subir à Golden Rock. A pele pálida da princesa fez sucesso. As locais, que usam uma pasta branca na cara para proteger do sol, ficaram surpreendidas com uma pela naturalmente esbranquiçada.Vieram inclusive beliscar-me a cara para se certificarem que não estava pintada.

(cont.)

1 comentário:

  1. Bem interessante... Obrigada pela partilha! Ficamos à espera da continuação.
    Adorei a parte de te beliscarem a cara ahahaha
    Beijinhos

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