quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Momentinho do dia..

.. que marca a semana.

No final de um dia que parecia não ter fim, cheio e reuniões, com um calor insuportável, com clientes a apitar por todo o lado, chega um comentário maravilhoso.

"As suas propostas são boas demais"... e depois acrescentaram "Não pode cortar um bocado do texto para não ficar tão boa?!"

Cada vez mais fico rendida às gentes de Macau!



sábado, 24 de agosto de 2013

Yum Cha 飲茶

Na sexta feira foi o almoço de despedida de uma colega de trabalho. Foi a desculpa ideal para marcar um almoço de colegas.. um Yum Cha.

Na realidade o Yum Cha (beber cha, em português) é uma refeição tradicional chinesa que acompanha os Dim Sum com chá. E os almoços Yum Cha sao muito populares entre os chineses. Antes estas refeições eram servidas apenas ao nascer do sol e ate pouco depois da hora de almoço, mas hoje em dia muitos dos restaurantes servem-nas fora de horas devido a sua popularidade.

As refeições são compostas de Dim Sum, que apesar da tradução querer dizer "tocar o coração", na realidade são pequenas porções, snacks, dumplings (uma espécie de raviolis), que podem vir em cestos de bambu qdo cozidos ao vapor, ou em pratos pequenos. Também há pés de galinha, intestinos e outras miudezas que felizmente não vieram para a mesa.

Uma mesa fica mais ou menos com este aspecto



Também seriam muito populares entre os ocidentais, se algum dos menus tivesse alguma coisa traduzida para inglês!! E uma das minhas coisas favoritas na comida chinesa e não consigo ir lá sozinha!!

Aliás, eu era a única ocidental na sala!

Há alguns restaurantes conhecidos pelos Yum Cha tradicionais e todas as horas de almoço estão lotados, com filas de espera. Caso nao se tenha feito reserva, é certo que se vai desesperar com a fome.

As salas são grandes, as mesas também, redondas todas elas (com aqueles pratos giratórios no meio). E não convém vir para uma refeição destas com um grupo muito pequeno. Porque o melhor é poder pedir muitos pratos diferentes e ir comendo de tudo um pouco. Se for pouca gente vamos ter pouca variedade.

Como as mesas são grandes, os grupos numerosos, e sendo que estamos a falar de chineses que já falam aos gritos por natureza, podem imaginar o barulho numa sala destas. E preciso gritar para o outro lado da mesa!

Aqui não há talheres, nem que se peça! Temos de nos orientar com os Fai Chi (os pauzinhos), uma colher e uma tacinha. Mais do que o suficiente para uma Princesa experiente por estas andanças! Ou então não.. há uns que são muito difíceis de manobrar.




O método para pedir e muito simples. Eles entregam uma folha A4 com a lista de toda a variedade. Nós só temos de fazer uma cruzinha naqueles que queremos. Tudo em chinês e sem bonecos, ok!?

Passado uns minutos é ver os empregados aparecer com dezenas de pequenas porções para a mesa. E depois é só girar o prato e ir tirando.

Tenho de fazer um guia com imagens para chegar lá e conseguir pedir. Para já começo com estes...


Estes são óptimos, mas tem sopa por dentro. São tradicionais de Shangai. 

Estes são muito conhecidos. Tem recheio de camarões

Estes são umas bolinhas recheadas com porco com molho barbecue

Na verdade não sei bem o que é isto. É uma massa branca com recheios diversos, com molho de soja doce. Mto bom!

Mais um clássico. Neste caso de camarão, mas há versões de cenoura ou espinafres

Mais uma surpresa! Não faço ideia o que e isto, mas vinha cortados aos bocadinhos com ovo mexido a mistura e é bom.. muito bom.


Outra surpresa. Sobremesa com doce de ovos por dentro!





sexta-feira, 16 de agosto de 2013

São como as cerejas...

Não é o ditado popular que diz que as cerejas vêm sempre aos pares?

Pois bem, neste reino distante onde Princesa Ervilha e Fiel Escudeiro vivem suas aventuras, são os cheques pecuniários que vêm aos pares.

E o que é isso dos cheques pecuniários? É um feitiço que mantém os restantes habitantes do reino, encantados!

Na verdade, é a forma do Governo de Macau distribuir uma parte da enoooorme riqueza que existe no cofres do Estado, fruto dos lucros do jogo. Todos os anos, conforme os receitas desse ano, é emitido um cheque para os habitantes de Macau. Bonitinho, cor-de-rosinha, entregue na nossa caixa do correio. E nem sequer precisamos de ter nacionalidade, basta morar cá há um ano.

Esta terra não deixa de me surpreender!

Para quem está cá há mais tempo, isto já é comum. Mas para nós, que pela primeira vez vemos o Estado devolver imposto à população (a nós!!), ainda ficamos surpreendidos.

E estando ainda formatados para o modelo português, qdo recebemos cartas das finanças ou do Governo, assumimos que vêm aí problema!

E nisso de antecipar problemas (que às vezes não existem), a Princesa é uma máquina. Quando abriu a caixa do correio e viu lá uma carta fechada, endereçada ao Fiel Escudeiro, a primeira coisa que pensou foi "Que asneira é que ele terá feito?!", e na verdade também foi a primeira coisa que disse assim que abriu a porta de casa:

- O que raio andaste a fazer?! (ler esta frase com uma mão na cintura, e o timbre um bocadinho agudo)

Na verdade não teve de fazer nada.. e isso é uma coisa que ele faz muito bem :)

Mas a surpresa ainda estava para vir. Porque se o Fiel Escudeiro veio, qual pioneiro, explorar este reino distante nos idos de 2011, a Princesa esperou mais uns meses até fazer a sua viagem. Essa diferença seria suficiente para não ter recebido a famosa cartinha..

Mas hoje, no final de uma semana de trabalho, e com um tufão de nível 8 pelo meio... havia mais qualquer coisa na caixa do correio... mais uma carta fechada...

E adivinhem o que estava lá dentro?













quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Utor


Hoje o Utor chegou em força ao território. Veio cheio de força das Filipinas, onde fez estragos em Manila, e abre caminho até Cantão.

Ontem já estávamos avisados que durante a tarde as condições atmosféricas se iriam agravar, e que durante a noite o vento e chuva chegariam, e que o Utor ficaria perto dos 200 Km de Macau.

Claro que em Macau já todos estão habituados à chuva e que ontem toda a gente fez a sua vidinha com normalidade, mas hoje acordámos com alerta N8, o que significa que as pontes estão fechadas, as escolas (caso estivessem em aulas) fechadas, todas as instituições públicas estão fechadas, não há barcos, aviões ou helicópteros para Hong Kong, não há autocarros ou os táxis (estes fazem algumas patifarias nestes dias, cobrando taxas excessivas para quem está desesperado por transporte), e as recomendações são para que as pessoas protejam portas e janelas e fiquem em casa, .. e claro.. a Princesa e o Fiel Escudeiro também ficaram na torre do seu castelo.

Ouve-se muita chuva, muito vento, mas tudo está calmo no nosso reino.

Mas ontem, no regresso a casa a princesa teve mais um belo exemplo da sofreguidão dos chineses. No supermercado, no final da tarde, as filas eram enormes, e os corredores estavam cheios de pessoas a correr (literalmente) com carrinhos e cestos de compras. Depois de ser abalroada algumas vezes (acreditem que se houvesse lá um árbitro, teria gritado "CARGA DE OMBRO"), com as minhas coisinhas para o jantar consegui chegar à caixa. Fiquei lá entretida a observar e eles traziam várias embalagens de rolos de papel higiénico (VÁRIAS!!), Cup noodles em quantidade para alimentar um pequeno país de África, uma senhora trazia uma palete de sumos (uma palete senhores!?!?), outra trazia tantas embalagens de tostas qto os seus braços conseguiam abraçar (tive pena de não lhe ter tirado uma foto, porque estava a segurar com as mãos e a equilibrar a carga com o queixo).. e é isto, a Princesa chegou a casa com os pés molhados, mas salva da sofreguidão alheia, para ser recebida pelo Fiel Escudeiro:

- O que é o jantar? - Podes fazer aquela receita de ontem? - Vais demorar muito? - Não tens fome? - Há sobremesa?

Oh não!! O Fiel escudeiro foi contaminado pelo vírus da sofreguidão?! NAAAAOOO!!!!





sábado, 10 de agosto de 2013

A culpa é dos filme americanos..



Andámos estes anos todos a ver os filmes hollywoodescos cheios de países tropicais muito agradáveis. Os senhores da máfia que fogem sempre para esses destinos. Os reformados que descansam à sombra de uma palmeira. Os homens de negócios cansados de uma vida de trabalho que se refugiam numa banca de sumos. Os casais apaixonados que vivem o idílio (ok, esta parte não é totalmente descabida).

Mas depois há dias como o de hoje, onde estão 32º à sombra, e o calor é de uma intensidade tal que custa a respirar, andamos na rua a fazer figuras tristes com marcas de suor por todo o lado.. e parecem 40º.

Não vi nada disto em nenhum filme americano. Façam favor de trazer algum realismo a essas histórias.

O senhor da máfia ia ter um ataque de fúria e começar a cortar cabeças e a disparar indiscriminadamente. Os senhores reformados, com dores no coração e a ter de ir para o hospital para hidratar. Os homens de negócios, a sonhar com ar condicionado. E os casais apaixonados.. qual princesa e fiel escudeiro, a passear de mãozinha dada a discutir por causa do calor, com os autocarros que vêm cheios, com as distâncias que são longas.

Realismo nessas histórias meus senhores!!