terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

O emplastro

Com estes anos a andar de transportes públicos aqui em Macau, acho que já estou qualificada para fazer um doutoramento sobre comportamento de chinês em autocarros.

Mas há sempre surpresas.

Esta semana, num percurso habitual, sentei-me num dos lugares vazios ao lado de um senhor aparentemente normal.

Passados poucos segundos percebo um movimento dele no meu campo de visão. Olhando pelo cantinho do olho percebo que está fixamente a olhar mim. E até um bocadinho inclinado na minha direcção.

Nada a que eu não esteja habituada. Ou porque sou estrangeira, muito esbranquiçada ou mais alta que a média da população. Há sempre motivos para ter um chinês especado a olhar para mim.

Mas nunca tão perto. E nunca de uma forma tão persistente.



E eu achei que ele ia ganhar vergonha e desviar o olhar qdo eu o confrontasse. Mas não, o senhor chinês velho continuou de olhos fixos em mim. Mesmo ao meu lado!

A Princesa lembrou-se das palavras do Fiel Escudeiro, de que há muita gente maluca à solta e decidiu ignorar, fazendo o resto da viagem com um emplastro a querer jogar ao sério comigo.



sábado, 7 de fevereiro de 2015

Diário de Bordo, Myanmar (parte 6)


13º dia
Dia 2 Jan - Mandalay

Depois da visita ao médico, hoje o nosso amigo ficou de repouso no hotel. Por isso eramos só três no passeio por Mandalay. Esta cidade é um grande pólo industrial, para além de todos os templos e mosteiros a que o país já nos habituou. Mandalay não foge à regra das cidades que temos visto até agora. Sem prédio altos, muito suja e pobre. Mas pelo menos tinha estradas largas e as ruas relativamente organizadas. Demos uma volta perto do hotel e a cidade imediatamente pareceu mais agradável que Yangon, a capital.

Depois do pequeno almoço no hotel seguimos para um pequeno cruzeiro no rio Ayeyarwady, do centro da cidade até ao templo Mingun. Os barcos desta vez eram maiores (nada parecidos com os barquinhos do estilo canoas em que viajámos no In Lake).

O templo Mingun está em ruínas. Era suposto ser o maior pagode do mundo, mas ficou apenas a um terço. Depois da morte do rei, abandonaram as obras, e com o tremor de terra que se seguiu, a estrutura ficou em ruínas até à actualidade.







No regresso à cidade, perdemos mais um dos membros do grupo. Ao 13º dia as barrigas começaram a falhar e desta vez foi o Fiel escudeiro que ficou retido no hotel, a repousar perto de um WC.

As meninas aproveitaram a tarde para ir às compras. E o pobre guia aguentou (e ajudou), enquanto explorávamos o centro comercial de 5 andares (o mais alto da cidade) só com tecidos, e aguentou quando decidimos visitar uma loja de artesanato de madeira e ainda estava a postos para mais.









Mas às 4h da tarde, ainda sem almoçar, foram as meninas que vacilaram e precisaram repor forças.

E mais uma vez pusemos à prova as nossas barrigas. O guia quis levar-nos ao local onde fazem os melhores noodles de arroz da cidade, com um molho e uns acompanhamentos especiais. Claro que as duas meninas não disseram que não. Assumimos que era uma boa experiência e que ia valer a pena.

Acontece que os famosos noodles eram na berma da estrada. Onde não havia cozinha. Os bancos eram tão baixinhos que os nossos joelhos estavam mais altos que a mesa. O abastecimento de água era um recipiente de barro ao lado do balcão. E os carros passavam no meio das mesas. E ainda por cima os noodles eram picantes, o que não ia fazer nada bem à barriga da Princesa.

Enfim, era comer e rezar pelo melhor.

E valeu a pena. Foi um simples, mas belo almoço.

No regresso ao hotel percebemos que já não íamos conseguir aproveitar mais passeios neste dia. O nosso amigo ainda tinha de voltar ao hospital para ir buscar os resultados dos exames e o Fiel Escudeiro ainda não estava pronto para se aventurar a grandes distâncias do WC.

Por isso jantamos no hotel, ficámos na conversa por lá e aproveitámos os filmes da TV Cabo.

Amanhã esperam-nos 7 a 8 horas de viagem!

14º dia
Dia 3 Jan - De volta a Yangon, passando por Amarapura

Hoje não só é o último dia da viagem, como temos de regressar pelas estradas horríveis de volta a Yangon. E de lá voamos para Bangkok e depois Macau. Se por um lado já estamos com vontade de sossegar e voltar a casa, é sempre triste quando acabam as férias.

Apesar de não termos podido aproveitar Mandalay por causa de barrigas mais fracas, ainda nos esperava uma paragem antes de nos fazermos à estrada: Amarapura e a sua ponte de madeira.

A ponte de U Bein é a maior ponte de madeira do mundo com um quilómetro de extensão e deixou-nos maravilhados. A luz naquele lago é linda, os patinhos são mais que muitos e de facto foi pena não termos tido tempo de passar mais tempo ali. E mais uma vez nos arrependermos de ter viajado sem uma máquina em condições. Ainda assim, conseguimos trazer boas fotos de recordação.








E depois de Amarapura, mais uma paragem para almoço na estação de serviço e... horas e horas de viagem. Parecia as viagem feitas para Bragança há muitos anos. Quando ainda viajava no Fiat Punto vermelho.

Chegámos a Yangon no final da tarde, passamos no supermercado para gastar os últimos Kyats e fomos para o hotel tentar encaixar todas as nossas compras no meio da roupa suja para fechar as malas!

15º dia
Dia 4 Jan - Regresso a Macau

Quando achávamos que já não havia mais motivos para memórias, a Air Asia decide fazer das suas!

Já na fila para entrar no avião as televisões da AirAsia mostram imagens do acidente da semana anterior. Entrar para o avião depois de ver as famílias a chorar, os polícias a recuperar os corpos e pedaços do avião a boiar, é coisa que não se recomenda.

E depois de 4 horas de escala em Bangkok, apanhamos o voo de ligação para Macau... e quando já estávamos a meio da viagem, voltamos para trás porque havia um problema com o motor do avião!

Aterramos em Bangkok novamente, mudamos de avião e fazemos o voo de regresso sempre em stress! Para nos entreter tivemos um grupo de passageiros chineses com os copos que decidiram fazer a vida negra às hospedeiras. Ele eram cintos que não estavam apertados, passeios no corredor quando deviam estar sentados, exigências com comida.. foi uma maravilha!

Felizmente correu tudo bem, e não é desta que abandonamos a AirAsia, mas este stress final tinha sido desnecessário.

Mengalabá Macau e Chezubé Myanmar.
Que é como quem diz "olá Macau e obrigada Mynamar" :)








domingo, 1 de fevereiro de 2015

Diário de Bordo, Myanmar (parte 5)

11º dia
Dia 31 Dez - a caminho de Mandalay (Phowintaung)

Hoje é dia de nos fazermos à estrada. Agora a próxima grande atracção é Mandalay, mas até lá ainda vamos fazendo algumas paragens.

A primeira de todas para almoçar. Com alguma graça o nosso guia diz-nos que não há nenhum restaurante bom pelo caminho. E a sua recomendação é paramos na beira de estrada para um bolo de arroz tradicional daquele local. Nem doce nem salgado, com uma consistência gelatinosa, e cobertura de coco ralado, foi uma coisa estranha que comemos mais por delicadeza para com as senhoras que nos serviram do que por verdadeira vontade.




A paragem seguinte foi em Phowintaung. Um local que nem vem nos roteiros, mas que o nosso guia recomendava. E mais uma vez ficámos impressionados com a falta de cuidado na preservação ou limpeza.
Basicamente este local são uma série de grutas que foram escavadas na rocha. Ao longo da montanha há centenas de estátuas dentro da montanha. Os frescos pintados nas paredes já bastante estragados, mas ainda deixam lembrar as cores originais. O local é imenso (infelizmente povoado de macacos), muito sujo, com algumas das grutas a servir de armazém, mas valeu muito a pena fazer esta paragem. Deu para perceber que as estátuas que temos visto até agora, apesar de bonitas e bem cuidadas, não se comparam com estas estátuas. Eles nãos só escavaram a montanha para fazer grutas, como esculpiram os budas agarrados à rocha.

Como estava tudo quase em ruínas, sentimo-nos uns exploradores :)











E como hoje era noite de passagem de ano, fizemos reserva num restaurante numa ilha em Monya. Uma pequena ilha acessível por um ponte de madeira estreitinha. Quando fizemos a reserva pareceu-nos perfeito.
Mas às 7h da tarde, cheio de mosquitos do tamanho de gaivotas a ideia já não pareceu tão boa! Levámos uma tareia dos mosquitos e estivemos sempre de olho nas osgas penduradas nos candeeiros. Devem ser os animais melhor alimentados do mundo!

Fizemos o programa de velhos e à meia noite já estávamos a dormir. Mas pelo menos o quarto não tinha mosquitos.

Feliz 2015!


12º dia
Dia 1 Jan - a caminho de Mandalay (Monywa)

Hoje o dia começou com uma baixa no nosso grupo. Um dos nossos amigos acordou com febre alta e este dia fazemos a viagem com preocupação e algumas restrições. Felizmente estamos a poucas horas da cidade de Mandalay para podemos consultar um médico.

A primeira paragem foi no pagode de Thanboddhay, um templo diferente do que tínhamos visto até agora, muito colorido com torres com mini estátuas de Budas. Pelo que nos disse o nosso guia, ultrapassam 500.000 estátuas.










E a segunda paragem foi em Tahtaung para ver as mil estátuas de Buda, cada um acompanhada de uma espécie de figueira chamada Banyan Tree (ou Bodhi Tree). É uma planície de estátuas pequenas à sombra das árvores. E a acompanhar esta instalação estão 3 estátuas gigantes nas três posições do buda: sentado, deitado e em pé.

Os pequenos budas foram uma oferenda um monge muito popular a quem eram oferecidas muitas esmolas. Esse monge decidiu fazer uma grande oferta para garantir uma boa "vida" na reencarnação.








Já em Mandalay paramos em Sagaing Hill para mais uma visita a um templo, desta vez com vista sobre cidade. Felizmente sem macacos :)








E depois do check in fomos conhecer o sistema de saúde do país.

Hoje é dia de dormir cedinho e aproveitar o óptimo hotel onde estamos instalados. Amanhã é para aproveitar bem o dia porque é o último de viagem