As saudades de casa são aquilo mais difícil de gerir num experiência de emigrante. Eu pelo menos assim eu pensava até à madrugada de dia 26 de Setembro, apenas dois dias depois do meu aniversário, quando eu ainda só falava das férias e me preocupava com deadlines e propostas a ser entregues. Recebi a notícia de que a minha avó tinha morrido. E se toda a racionalidade me diz que ela estava em sofrimento e que já não estava a ter uma boa vida, o lado emocional só queria ter tido oportunidade de me despedir dela, de a ter visto mais uma vez depois da minha viagem para a China. E já faltava tão pouco para o Natal e para a minha visita. E pior do que tudo isso é saber que os meus pais estavam num sofrimento maior, que o meu avô, que nunca esteve sozinho, teria de se habituar a viver sem a sua companhia.
As viagens a Bragança já não eram as mesmas depois da minha avó ter adoecido. Faltavam as piadas, o dinamismo, os petiscos.. mas agora serão irremediavelmente alteradas.
A "Ti Maria" Angelina, que na verdade não se chama Maria, que fazia os melhores cozinhados, contava as piadas mais "Malucos do Riso", que sempre andou de carrapito e avental, que os netos faziam questão de arreliar, não vai estar lá para nos receber. Este vai ser um Natal mais triste, Varge vai ter menos um sorriso, mas as boas memórias vão estar lá todas.
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