Foi precisamente esta colega, vulgar plebe, que me brindou com uma conversa, aparentemente normal, mas que é exemplo daquilo que nos distingue.
Tudo começou com uma tarefa muito simples: preparar uma campanha de marketing e seleccionar uma imagem que ilustre um pedido de casamento. Sendo uma portuguesa a comunicar para mercado chinês (a tentar, pelo menos), convém sempre filtrar as ideias, não vá ser o caso de inadvertidamente falhar completamente a mensagem. E assim fiz.
Depois de algum tempo à caça de boas fotos, apresentei-lhe uma dúvida. Mostrei-lhe uma foto de um homem de costas, a esconder um anel de noivado e um ramo de flores na mão. Eu queria saber se era óbvio tratar-se de um pedido de casamento.
Resposta imediata: NÃO!
Como não?!
Estarei a falhar assim tanto a cultura Chinesa?
O que está a faltar? Porque que é que a foto não resulta e não é óbvia?
Resposta imediata: O diamante não é suficientemente grande! E as flores não são suficientemente grandes. Ninguém aqui em Macau se atreveria a fazer uma proposta de casamento com uma "pedra" tão pequena! "SE ATREVERIA" foram as palavras exactas da criatura.
A Princesa ficou num misto de perplexidade, ingenuidade e vergonha.
Genuinamente surpreendida com esta visão materialista do romance, a achar que eu afinal vivo mesmo num conto de fadas e cheia de vergonha de partilhar a minha proposta de casamento via skype, algures no tempo em que o fiel escudeiro fez a primeira incursão neste reino distante a Oriente. Proposta essa, meio romantizada, que tanto sucesso faz com as minhas amigas.
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