quarta-feira, 1 de julho de 2015

Os Lamas

É Quarta-feira, final de mais um dia de trabalho. Hoje a temperatura amainou para os 32º graus e apesar da humidade, com o vento que se faz sentir já só parecem estar 43º na rua.

A Princesa espera pelo 7A na paragem de autocarro e repara num chinês que se destaca dos restantes. Onde está o saco de plástico com os legumes volumosos a bater nos transeuntes? Onde está o saquinho do peixe a pingar? Onde está a camisa de alças arregaçada que deixa a barriga de fora? Onde estão as Crocks?

O jeitoso era chinês e mais velho,  apresentava-se de camisa, com um fato azul escuro com um corte muito elegante. Sapatinho fechado, bem penteado. Um aragem traz até mim o cheirinho de água de colónia. Ok, não era Acqua di Gio e o modelo não era lindo, mas pelo menos não tinha "cheiro a gente".

A Princesa sentiu-se melhor. "Não sou a única trabalhadora bem vestida do burgo. E as velhas do autocarro vão ter outra pessoa com quem dividir as atenções e vão olhar especadas para outro alvo."

Nisto, o senhor aproxima-se do caixote do lixo da rua, debruça-se para a pequena abertura lateral, faz um ruído muito (demasiado) familiar, como quem quer expulsar uma parte do cérebro que acidentalmente se alojou nas fossas nasais,  e cospe ruidosamente para dentro do pobre caixote.

Quem me manda ter ilusões de sofisticação e requinte? This is Macau! 




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