segunda-feira, 27 de outubro de 2014

"Wing Lok" para ti também

Depois de um ataque de nervos porque os senhores taxistas não me queriam como cliente (poupo aqui os detalhes, mas é tudo uma questão de SIM, EU QUERO O RAIO DO TAXIMETRO E RECUSO-ME A PAGAR UM PREÇO COMBINADO ANTES DA CORRIDA), mais uma bela aventura a bordo dos taxis.

Que o Fiel Escudeiro não me oiça, mas expressões como "Deves estas 'majé' a gozar comigo", ou "Vai trabalhar oh chulo" ou ainda "Não vês que não sou turista pá? Estás a tentar enganar-me para quê?" foram utilizadas nas conversas.

Entredentes. Confesso. Estava sozinha e ainda não estava no meu limite de loucura.

O segurança disse que eu devia desistir e ir procurar taxis noutro sítio e sentou-se a dormir a sesta (pura das verdades, mandou-me embora e sentou-se a dormir).

Em voz alta (bem alta), só me saiu um "Are you fuc&$%# kidding me?!"

Perdi a conta ao número de carros que estavam na paragem de taxis. Todos disponíveis e todos a tentar vigarizar uma pobre princesa que só queria chegar a casa.



Depois desta frustração dei-me por vencida e fui para outras paragens. 

A ferver de nervos chego a outro casino com um cenário semelhante e já imaginar o pior. Tentei não dar hipótese e disse-lhe a morada em chinês. Ou pelo menos, acho que foi isso que lhe disse.

A conversa na rua e aos gritos, foi mais ou menos assim:

Princesa: Mm goi, Wing Lok. (Cinema Alegria, Sff)
Taxista repete as minhas palavras, mas mais alto: Wing Lok?
Princesa: Hai (Sim.. é isso mesmo) 
Taxista volta a insistir: Wing Lok?
Princesa (já a ver a vida a andar para trás agarra-se à porta do taxi tenta mais uma vez): Wing Lok. 

Entro para o taxi, agarro-me ao telemóvel para procurar a fotografia em chinês para lhe mostrar.

Mas ele ainda está aos aos gritos na rua a repetir as minhas palavras.

Grito-lhe de dentro to taxi "Wing Lok" e ele finalmente repete "Wing Lok" uma última vez e entra no taxi.

Parecíamos dois doidos a repetir sempre as mesmas palavras. E ele acabou fazer aquela expressão de "ahhh.. wing lok. agora já percebi." 

Por esta altura eu ainda não estava segura que ele me ia levar a casa. E a meio caminho (que conheço bem) ele faz um desvio e começa rir-se.

De noite, com as ruas desertas e estreitas, um senhor taxista muito velho que não me deu garantias de ter percebido o que eu tinha dito, estava a ir por um caminho estranho que eu não conhecia, enquanto se ria.

Ele deve ter percebi que eu estava a ficar nervosa e ria ainda mais.

O percurso acabou com ele a fazer um "Tcharan, já cá estamos", depois de fazer uma curva para contornar o edifício.


Nunca o sorriso de um taxista velho e já sem alguns dentes me pareceu tão bonito!! :)